O ativista indígena e escritor Ailton Krenak é o primeiro representante dos povos originários a ser eleito imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele é autor de “Futuro Ancestral”, “A vida não é útil”, “Ideias para adiar o fim do mundo” e “O amanhã não está à venda”

Nascido em 1953, em Itabirinha (MG), Ailton Krenak é um dos organizadores da Aliança dos Povos da Floresta, uma organização que reúne comunidades indígenas e ribeirinhas no eixo amazônico. Suas obras refletem a cultura indígena, sua cosmovisão e ancestralidade, a ligação profunda com a natureza.

Sua participação foi decisiva na Assembleia Constituinte, em 1987, quando representava a União das Nações Indígenas e colaborou para incorporar demandas dos povos originários na Constituição brasileira, que passou a incluir um capítulo sobre direiros indígenas. Na ocasião, com o rosto pintado com tinta de jenipapo fez um emocionante discurso sobre as violências sofridas pela população indígena: “O povo indígena tem regado com sangue cada hectare dos 8 milhões de quilômetros quadrados do Brasil. Os senhores são testemunhas disso”.

Deixamos aquí um parágrafo do seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo”: “Quando despersonalizamos o rio, a montanha, quando tiramos deles os seus sentidos, considerando que isso é atributo exclusivo dos humanos, nós liberamos esses lugares para que se tornem resíduos da atividade industrial e extrativista. Do nosso divorcio das integrações e interações com a nossa mãe, a Terra, resulta que ela está nos deixando orfãos, nao só aos que em diferente graduação são chamados de índios, indígenas ou povos indígenas, mas a todos. Tomara que estes encontros criativos que ainda estamos tendo a oportunidade de manter animem a nossa prática, a nossa ação, e nos de coragem para sair de una atitude de negação da vida para um compromisso com a vida”